sexta-feira, 4 de abril de 2014

Questões Artrópodes - Discursivas

Olá galerinha?!

Depois de um tempinho sem postar nada, eis que, finalmente, coloco a disposição de vocês uma atividade sobre Artrópodes.

Daqui a um tempinho, posto o possível gabarito.

Bons estudos!!
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01. (FUVEST)
a) Dê duas características comuns aos crustáceos, insetos e aracnídeos.
b) Dê uma característica própria de cada um desses grupos.


02. (UNICAMP) Indique a classe de Artrópodes mais abundante em ecossistemas lacustres e a mais abundante em ecossistemas marinhos.


03. (FGV-SP) No aniversário de uma cidade à beira-mar, um restaurante promoveu um "Festival de Crustáceos": lagosta, camarão, ostra e mexilhão.
Quais desses animais não deveriam estar incluídos no cardápio? Por quê?


04. (UNESP) Insetos e crustáceos pertencem ao filo Arthropoda. Descreva três características que os diferenciam.


05. (UNESP)O camarão e a abelha são animais pertencentes ao mesmo filo, embora separados em classes distintas. Cite:
a) duas características que permitam agrupá-los no mesmo filo;
b) duas características que os separam em classes distintas.


06. (PUC-SP) Numa aula de biologia os alunos classificaram os artrópodes que o professor Ihes apresentou em três grupos, de acordo com características que distinguiam cada grupo dos demais:

I - aranha e besouro.
II - barata e escorpião.
III - caranguejo e siri.

O professor disse que a classificação estava errada.

a) Reagrupe os animais, corrigindo os erros.
b) Cite uma característica externa exclusiva de cada grupo que você formou.


07. (UNICAMP) O carrapato-estrela (Amblyomma cajennense) pode transmitir ao homem a febre maculosa, uma grave enfermidade causada pela Bactéria Rickettsia rickettsii. Esse ácaro tem como hospedeiros preferenciais os eqüinos, mas também ataca bovinos, cães, capivaras e outros animais, além do homem. Nos últimos anos, por falta de predadores naturais, o número de capivaras vem aumentando em algumas áreas urbanas do interior do Estado de São Paulo e com esse aumento casos de febre maculosa tem ocorrido. Folhetos distribuídos pelos órgãos de saúde recomendam evitar o contato com a grama e o mato de locais com presença de capivaras, pois as larvas e ninfas do carrapato ficam nas folhas e acabam se prendendo a pele humana. Ao sugar o sangue, o carrapato transmite a Rickettsia. Os folhetos informam ainda que a febre maculosa não é transmitida de uma pessoa para outra.
a) Explique por que a febre maculosa não é transmitida de uma pessoa para outra.
b) Os carrapatos são artrópodes que pertencem à mesma classe das aranhas. Explique por que os carrapatos estão incluídos nessa classe e não entre os insetos ou crustáceos, indicando duas características morfológicas exclusivas do seu grupo.
c) A capivara é o maior roedor conhecido. Explique como pode ser diferenciado morfologicamente um roedor de um carnívoro.


08. (UNICAMP) Um estudante encontrou um animal adulto com seis patas articuladas, sem antenas e corpo dividido em cefalotórax e abdome. Cite a classe a que esse animal pertence e o aspecto morfológico discordante em relação às características gerais dessa classe. Sugira uma possível causa para tal discordância.


09. (UNESP) Acariciando seu cão de estimação, você encontra uma pulga e um carrapato, ambos artrópodes ectoparasitas.
a) A que classes pertencem à pulga e o carrapato?
b) Caracterize ambos com relação a número de patas e divisão corporal.


10. (UFV) Considere uma coleção de Arthropoda incluindo organismos das classes: Crustacea, Insecta, Arachnida, Diplopoda e Chilopoda.
a) Diferencie os Insecta e os Arachnida dessa coleção, utilizando uma característica externa exclusiva de cada classe.
b) Cite duas vantagens do exoesqueleto presente nos artrópodes terrestres.
c) Represente graficamente o crescimento de um artrópode qualquer, até a idade adulta, colocando no eixo da ordenada o tamanho do corpo e na abcissa o tempo.


11. (UFLAVRAS) Citar:
a) As estruturas utilizadas nas trocas gasosas, nos seguintes grupos:
Insetos, Aracnídeos e Crustáceos.
b) Duas características exclusivas de artrópodes comuns às classes desse filo.


12. (UFG) Durante trabalho de campo, um biólogo realizou coleta de invertebrados, obtendo os indivíduos relacionados a seguir: abelha, aranha, besouro, camarão, caranguejo, escorpião, formiga, grilo, lagosta e mosca.
a) Agrupe estes animais segundo a classe taxonômica a qual pertencem. Nomeie estas classes.
b) Os invertebrados relacionados percebem os estímulos luminosos por meio de diferentes tipos de órgãos visuais; dentre eles, descreva o ocelo e o olho composto.


13. (UFRRJ) "... tropeço em uma pedra e observo uma cavidade descoberta com uma aranha imensa de pelo vermelho me olha fixamente, imóvel, grande como um caranguejo...".
Um besouro dourado me lança sua emanação mefítica, enquanto desaparece como um relâmpago seu radiante arco-íris..."
Pablo Neruda

No trecho acima são citados alguns animais. Responda:
a) a que filo pertencem esses animais?
b) Cite a classe a que pertence cada um desses animais, dando duas características que permitiram chegar a essa conclusão.


14. (UFES) - A Organização Mundial de Saúde indica que 20% da população mundial são portadores de algum tipo de alergia, e o ácaro é apontado como um dos principais causadores desse problema.
a) Caracterize morfologicamente os ácaros.
b) Que cuidados devem tomar pessoas portadoras desse tipo de alergia para evitar o contato com os ácaros?
c) Por que as pessoas que moram em regiões secas são menos atacadas por esse tipo de alergia?


15. (UFRJ) O caranguejo-uçá vive na região entremarés dos manguezais, ambientes pobres em cálcio e magnésio. Em determinada época do ano, os órgãos internos do caranguejo-uçá ficam com uma cor leitosa. Nessa época, os catadores o denominam de caranguejo-leite e dizem que "ele não presta para comer porque é amargo, dá tontura e dor de barriga". Os catadores experientes reconhecem o caranguejo-leite pelo tato, pois ele apresenta carapaça mole e quebradiça.
Identifique o processo que transforma o caranguejo-uçá em caranguejo-leite e explique por que seus tecidos assumem uma coloração leitosa.


16. (UFPR) Os artrópodes representam um dos grupos zoológicos com maior número de espécies, vivendo nos mais diferentes hábitats.

a) Discorra sobre três aspectos biológicos desse grupo que permitiram seu grande sucesso evolutivo.
b) Cite dois exemplos de animais artrópodes para cada aspecto biológico abordado na resposta anterior.

quarta-feira, 2 de abril de 2014

BioAtividade 01

Olá Galerinha!! Tudo bem?!

Abaixo, uma atividade sobre Embriologia, já gabaritada!

Bons estudos!!


Questões de Vestibulares - Embriologia (Gabaritada) by netoalvirubro

terça-feira, 1 de abril de 2014

Os Estados Unidos e O Golpe de 64

Olá Galerinha!! Tudo bem?!

O golpe militar de 1964 foi um ato de militares brasileiros, apoiado por parte da sociedade e do empresariado do país. Historiadores e testemunhas do golpe afirmam, no entanto, que um outro ator teve papel decisivo na ação dos militares. A divulgação, pela Casa Branca, de gravações de conversas entre o ex-presidente John Kennedy e o então embaixador dos Estados Unidos (EUA) no Brasil, Lincoln Gordon, comprovam a preocupação da maior potência do mundo com o caminho que vinha sendo trilhado pelos brasileiros em sua incipiente democracia.

Os norte-americanos também se esforçaram no emprego de recursos financeiros para a promoção e o incentivo de iniciativas que tivessem o intuito de combater o comunismo no Brasil. Os estudos agora dão como certo até mesmo o envio de uma frota naval dos Estados Unidos para apoiar o golpe, comprovando a estreita articulação entre militares brasileiros e o governo daquele país.

Professor da Universidade de Columbia, John Dingens confirma que os Estados Unidos participaram ativamente para minar o governo Jango. "O registro histórico é claro", destaca. "Por causa de um medo exagerado de uma repetição da revolução cubana - um cenário que observadores objetivos consideraram ser extremamente improvável, beirando a paranoia geopolítica -, o embaixador e agentes da CIA [sigla em inglês para a Agência Central de Inteligência, do governo norte-americano], conspiraram e encorajaram militares brasileiros a depor o presidente eleito pelo povo brasileiro, João Goulart", avalia Dingens, que foi jornalista correspondente na América Latina na década de 1970 e escreveu o livro Operação Condor: Como Pinochet e Seus Aliados Trouxeram o Terrorismo para Três Continentes.

"A derrubada teve influência catastrófica em toda a América Latina. Como era óbvio, no momento em que os Estados Unidos apoiaram a destruição da democracia no Brasil, se seguiu uma onda de hostilidade e desconfiança contra os Estados Unidos em toda a região. Isto sustentou a credibilidade dos grupos revolucionários mais radicais - aqueles que, de fato, queriam repetir a experiência cubana em seus próprios países. Isto foi um obstáculo para o desenvolvimento da 'terceira via', ou seja, de alternativas pacíficas e democráticas para resolver a extrema pobreza e a desigualdade", diz.

Segundo o professor de história da Universidade de Brasília (UnB) Virgílio Arraes, o governo dos EUA, em plena Guerra Fria, tinha receio de que o maior país do Continente Sul-Americano seguisse o mesmo caminho de Cuba, onde forças lideradas por Fidel Castro destituíram o ditador Fulgencio Batista, em 1959, e instalaram um regime socialista que contou com o apoio da União Soviética.

O poderio militar da maior potência do mundo é considerado por ele, uma das principais razões para não ter havido reação do presidente João Goulart (Jango) ao golpe dado pelos militares brasileiros contra seu governo. “Jango, provavelmente, dispunha de mais informações, e elas fizeram com que ele não demonstrasse tanta disposição em resistir”, avalia Arraes. Para o professor, o conhecimento de que os EUA estavam enviando uma frota naval para a costa brasileira, informação confirmada pelo próprio embaixador Gordon anos depois, já seria suficiente para desestimular qualquer reação do governo constituído.

Para Arraes, o deslocamento da frota deve ter sido a maior movimentação naval no Hemisfério Sul desde a época da 2ª Guerra Mundial. “Se o Exército que derrotou as forças nazistas e as forças imperiais japonesas estivesse se deslocando para qualquer país da América do Sul, que tipo de esperança, do ponto de vista de luta, se poderia ter?”

A insatisfação norte-americana em relação aos rumos do país sob a presidência de João Goulart vinha do início de seu mandato. Algumas posições de Jango, como colocar em prática uma série de reformas, entre elas a reforma agrária, e as de seus aliados, como o governador do Rio Grande do Sul à época, Leonel Brizola, que desapropriou duas companhias norte-americanas (ITT, do setor de telecomunicações, e Amforp, de energia elétrica), aumentou a crença nas informações, passadas por Gordon, de que o país caminhava para adotar o regime comunista.

Desde 1962, o embaixador vinha tentando convencer o Departamento de Estado dos EUA de que Jango estava formulando um perigoso movimento de esquerda, estimulando o nacionalismo.

Em uma das conversas captadas pelo serviço de gravação instalado por Kennedy na Casa Branca, o presidente perguntou a Gordon se achava ser aconselhável uma intervenção militar no Brasil. O episódio ocorreu em outubro de 1963, 46 dias antes do assassinato de Kennedy.

O embaixador incentivava o governo norte-americano a não poupar esforços para conter as transformações em curso. Na opinião de Gordon, era fundamental organizar as forças políticas e militares para reduzir o poder de Goulart e, em um caso extremo, afastá-lo, já considerando o golpe. Após o assassinato de Kennedy, o embaixador Gordon continuou discutindo o assunto com o presidente Lyndon Johnson.

Com o argumento de garantir a democracia no Brasil, muito dinheiro foi aplicado pelo governo norte-americano em ações que, na realidade, visavam a frear a “ameaça comunista”. Uma delas foi a Aliança para o Progresso, um amplo programa de cooperação para o desenvolvimento na América Latina. Outra, mais ostensiva, foi a criação do Instituto Brasileiro de Ação Democrática (Ibad) que produzia e difundia conteúdos anticomunistas para rádio, TV e jornais, além de mensagens em filmes e radionovelas, fazendo oposição ao governo João Goulart.

Em 1963, a ação do Ibad levou à instalação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI). Isso porque, em 1962, nas eleições legislativas e para o governo de 11 estados, o instituto captou recursos para a campanha de mais de uma centena de parlamentares contrários às reformas e ao governo de Jango.

A CPI comprovou que muitos documentos do Ibad foram queimados quando suas atividades começaram a ser investigadas e que suas fontes financeiras eram, prioritariamente, empresas norte-americanas. Após a apuração da CPI, o presidente da República suspendeu as atividades do instituto por três meses, prorrogados por mais três. No fim de 1963, o Ibad foi dissolvido pela Justiça.

A atuação norte-americana, no entanto, prosseguiu nos meses seguintes, até o golpe de 31 de março de 1964.

 

Ditadura Militar: 50 anos que não podemos esquecer

Olá Galerinha!! Tudo bem?!

Hoje completa 50 anos do Golpe Militar que ocorreu no Brasil, tirando o direito de pensar, agir, votar, escolher, conversar, namorar… Poderia elencar vários fatores e pontos de vistas aqui, pois o que ocorreu pode ser resumido assim: a 50 anos estupraram o Brasil!

Alguns, hoje em dia, dizem que antigamente era melhor, que hoje é pior. Nada disso!

Tenho 35 anos e, obviamente, não vivi a época áurea da ditadura, somente o final, a transição para um governo democrático (que demoraria mais 10 anos, desde o meu nascimento). Mas, é claro, que antes era muito pior. Nós não poderíamos reclamar, julgar, estudar determinados assuntos, ouvir músicas, denunciar! Estávamos presos livremente, nas ruas, nas nossas casas!



A CONSTRUÇÃO DE UM PAÍS 
O golpe de 1964 interrompeu uma democracia nascida 18 anos antes, em 1946, quando tomou posse Eurico Gaspar Dutra, presidente eleito pelo voto direto. Aquele país redemocratizado, que emergiu da queda do Estado Novo, era marcado por desigualdades ainda maiores que as de hoje, mas tinha como traço uma sociedade criativa e confiante, que buscava entender os dilemas brasileiros e apontava para um futuro otimista. 
Foi uma época em que os brasileiros superaram aquilo que o escritor Nélson Rodrigues definia como “complexo de vira-latas”, uma “inferioridade em que o brasileiro se coloca, voluntariamente, em face do resto do mundo”. Seja por imagens estereotipadas, como a da baiana colorida de Carmen Miranda e da favela romântica de Orfeu Negro, que ganhou o Oscar de melhor filme estrangeiro em 1960, ou pela sofisticação da construção de Brasília, o fato é que o Brasil era moda no mundo. 
O desempenho econômico dessa democracia também foi marcado pelo otimismo. O crescimento nos 18 anos que antecedem o regime militar foi o maior da história do país, resultado do chamado nacional-desenvolvimentismo, que se baseava na política de substituição de importações. Entre 1946 e 1963, o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB), soma de todas as riquezas do país, chegou a 7,12% - maior que o do regime militar, que alcançou 6,29% no período 1964-1984, apesar do chamado “milagre econômico”.
A democracia brasileira do pré-golpe nasceu promissora, graças a uma Constituição arrojada, que trazia garantias políticas e sociais comparáveis às atuais. A conquista, entretanto, foi fragilizada por um ambiente internacional de confronto entre as duas superpotências que emergiram da 2ª Guerra Mundial, os Estados Unidos e a União Soviética. Ao longo de 18 anos de democracia, crises sucessivas marcaram o ambiente político do país e criaram parte do clima necessário para a eclosão do golpe de 1964. 
Nos meses que antecederam o golpe, no entanto, nada indicava que o Brasil estaria prestes a ver derrubada a democracia que começou a ser construída em 1946. Os jornais publicavam manchetes fortes, contrárias ao governo de João Goulart (Jango), mas em cenário que parecia repetir tantas outras crises daquela época. Na cultura, fazia sucesso o disco Samba Esquema Novo, de Jorge Ben Jor (que ainda usava o nome Jorge Ben), considerado esteticamente revolucionário, mas o golpe já estava a caminho. 


A DERROCADA DA CIDADANIA 
No dia 31 de março, os tanques do general Olímpio Mourão tomam a estrada rumo a Brasília, encerrando o curto período democrático vivido pelo país. Finalmente, o grupo militar golpista conseguia apoio político e social para consumar a derrubada de João Goulart (Jango), um alvo escolhido desde a renúncia de Jânio Quadros, em 1961. No dia 2 de abril, com Jango fora de Brasília, a vacância de mandato é anunciada. Começa, então, a era de generais e militares que se alternam no poder em um regime autoritário que durou 21 anos. 
A conspiração para a derrubada de Jango teve grande participação dos Estados Unidos, o que incluiu desde o envio de recursos para financiar institutos de propaganda anticomunista e bancar a eleição de parlamentares pró-interesse norte-americano até o envio de uma frota naval para o litoral brasileiro, a fim de dar suporte ao golpe militar, caso fosse necessário. 
A divulgação, pela Casa Branca, de gravações de conversas entre o ex-presidente John Kennedy e o então embaixador dos Estados Unidos (EUA) no Brasil Lincoln Gordon comprovam a preocupação da maior potência do mundo com o caminho de reformas sociais e econômicas que vinha sendo trilhado pelos brasileiros em sua incipiente democracia. 
Com o golpe, inicia-se um período de cassações, exílios, prisões, assassinatos e desaparecimentos. É a fase do Brasil, Ame-o ou Deixe-o, que divide o país e instaura a desconfiança sobre os que criticavam o governo e que, por isso, não seriam considerados patriotas. De acordo com a Comissão Nacional da Verdade, cerca de 50 mil pessoas tiveram a cidadania diretamente violada durante o período. 
A Rádio Nacional, mais influente veículo de comunicação do país à época, foi duramente atingida. Nos dias do golpe, abriu os microfones para discursos em defesa da democracia, foi invadida pelos militares e teve 36 artistas e jornalistas demitidos. 
Ao mesmo tempo em que perseguia os opositores, o regime militar constrói um modelo político para se legitimar. Essa “democracia” tinha dois partidos e a oposição era sempre impedida de ganhar. As regras eram alteradas sempre que houvesse risco eleitoral e a maioria da população só votava para o Legislativo, um Poder que não tinha independência: quando desobedecia às imposições do regime, era fechado. 
Era também o tempo das cassações de mandato dos principais adversários e de iniciativas exóticas, como o senador biônico – eleito indiretamente, para garantir a maioria no Senado da época – e a Lei Falcão, que admitia apenas a foto dos candidatos na propaganda eleitoral da televisão. 
O apelido “senador biônico” remetia à série O Homem de Seis Milhões de Dólares, um grande sucesso da TV na época. O personagem principal da série era um militar gravemente acidentado que foi reconstituído com poderes especiais, tornando-se “o homem biônico”. Como ele, o senador biônico também era “fabricado em laboratório”, segundo os críticos. 
Durante certo tempo, o regime militar também se sustentou no crescimento econômico que ocorreu nos anos seguintes ao golpe e que retomou o desempenho alcançado durante os 18 anos de democracia. Foi, entretanto, um crescimento concentrador de renda e baseado em grande endividamento externo (a famosa dívida externa) que logo apresentou a conta. Após os choques do petróleo de 1973 e 1979, com a subida dos juros internacionais, a dívida brasileira explode e, sem conseguir honrar suas contas, o Brasil entra em moratória em 1982, agravando mais ainda a situação dos pobres. É o começo do fim da ditadura. 


A RETOMADA DA ESPERANÇA 
O Brasil já estava sob comando dos militares há quase 20 anos quando a insatisfação da população irrompeu. Paulatinamente, as ruas foram tomadas por protestos que cobravam eleições diretas e o fim da ditadura. Às greves dos operários do ABC Paulista (região formada pelos municípios de Santo André, São Bernardo e São Caetano, cidades tradicionalmente industrializadas na periferia da capital paulista) se segue a campanha das Diretas Já! 
Mesmo 29 anos após a queda da ditadura e da implantação da Nova República, o golpe de 1964 ainda é um problema mal resolvido na sociedade brasileira. Não há acordo, nem mesmo, sobre a data efetiva do golpe, e a escolha do dia varia de acordo com a posição favorável ou contrária ao regime instalado. É um problema que os militares temeram desde o início: evitar que a data entrasse na história como 1º de abril, dia da mentira. 
Outro problema é a percepção dos brasileiros sobre a importância dos valores democráticos, mesmo 29 anos após a queda da ditadura. A democracia é o regime de governo que permite às pessoas participarem das decisões sobre seu futuro, respeita a diferença de opinião da minoria, garante aos empresários mais previsibilidade para os investimentos e distribui melhor os ganhos econômicos da sociedade. 
A percepção desses benefícios faz com que a crença dos brasileiros nos valores democráticos venha crescendo desde o fim do regime militar. No entanto, ainda é uma das mais baixas da América Latina. Para pesquisadores, os brasileiros querem mais democracia, mas os efeitos econômicos do regime democrático, mesmo importantes, ainda não mudaram a estrutura do Brasil, um dos países mais desiguais do mundo.