Olá galerinha! Hoje o post é dedicado ao estudo dos nossos Biomas. Para quem não sabe, Bioma é uma grande comunidade estável e desenvolvida, adaptada às
condições ecológicas de uma certa região, e geralmente caracterizada por um tipo
principal de vegetação. Também pode ser definida como o clímax de uma determinada região.
Bons estudos!!
Com um litoral muito extenso, o
Brasil possui diversos tipos de biomas nestas áreas. Na região Norte
destacam-se as matas de várzea e os mangues no litoral Amazônico. No Nordeste,
há a presença de restingas, falésias e mangues. No Sudeste destacam-se a
vegetação de mata Atlântica e também os mangues, embora em pouca quantidade. Já
no sul do país, temos os costões rochosos e manguezais.
Floresta Amazônica
A maioria dos 7 milhões de km2
da Floresta Amazônica é constituída por uma floresta de terra firme. Esta é uma
floresta que nunca é alagada e se espalha sobre uma grande planície de até
130-200 metros de altitude, até os sopés das montanhas.
São três tipos de florestas
amazônicas: as Florestas Montanhosas Andinas, as Florestas De Terra Firme e as
Florestas Fluviais Alagadas, as duas últimas na Amazônia brasileira.
A Floresta De Terra Firme tem
inúmeras adaptações à pobreza em nutrientes dos seus solos argilosos e
podzólicos. As árvores que a compõem são capazes de se abastecer com nitratos
através de bactérias fixadoras de nitrogênio, que estão ligadas às suas raízes.
Além disso, uma grande variedade de fungos também simbiontes das raízes,
chamados micorrizas, reciclam rapidamente o material orgânico antes deste ser
lixiviado. A serrapilheira (formada por folhas e outros detritos vegetais que
caem ao solo) é reciclada rapidamente pela fauna rica de insetos, especialmente
besouros, formigas e cupins. Os insetos constituem a maioria da biomassa animal
na floresta de terra firme.
Esta floresta, especialmente
rica em aráceas epífitas, é comparada à Mata Atlântica, relativamente pobre em
bromélias e orquídeas. Entre estas plantas epífitas estão as mirmecófitas,
plantas que vivem em estreita simbiose com as formigas. No sub-bosque da floresta
destacam-se especialmente as palmeiras e os cipós. As grandes samambaias são
raras.
A macrofauna do chão da floresta
é relativamente pobre. Os vários sapos e pererecas ali encontrados apresentam
diversas adaptações para garantir a água necessária para o desenvolvimento dos
girinos. Alguns grandes mamíferos, tais como as antas, o cateto e a queixada,
assim como os mutuns e os inhambus, entre as aves do chão, merecem destaque.
Perto do chão da floresta encontram-se também muitas aves "papa-formigas",
que tiram proveito das enormes migrações de formigas de correição.
A grande diversidade animal
encontra-se nas copas das árvores entre 30 e 50 metros de altura, um ambiente
de difícil acesso para o pesquisador. Ali é rica a fauna de aves, como
papagaios, tucanos e pica-paus. Especialmente vistosos são o pavãozinho do Pará
e a cigana. Entre os mamíferos das copas predominam os marsupiais, os morcegos,
os roedores e os macacos. Os primatas possuem nichos bem diferenciados.
O bugio é diurno e se alimenta
de preferência com folhas. O macaco da noite Aotus é o único macaco ativo durante a noite. Os sauins,
insetívoros vorazes, possuem várias espécies e subespécies que se diferenciam
pelo colorido e forma das faces. Ao lado dos polinizadores clássicos - abelhas,
borboletas e aves - os macacos da Floresta Amazônica têm também um papel de
destaque como polinizadores.
As aves, os morcegos e os macacos frutívoros da mata de
terra firme têm um importante papel de disseminar os frutos e sementes das
árvores.
As espécies e subespécies de macacos, preguiças, esquilos e
outras são frequentemente separadas pelos grandes rios tributários do rio
Amazonas. As unidades biogeográficas formadas pelas bacias destes rios explicam
em parte a grande biodiversidade da biota amazônica.
As florestas alagadas estão ao alcance das enchentes anuais
do rio Amazonas e de seus afluentes mais próximos. As flutuações do nível da
água podem chegar a 10 metros ou mais. De março a setembro, grandes trechos de
floresta ribeirinha são alagados. As plantas e os animais da floresta alagada
amazônica vivem em função das suas diversas adaptações especiais para
sobreviver durante as enchentes.
As águas amazônicas possuem características diferentes,
resultantes da geologia das suas bacias fluviais. Os rios chamados de rios de
água branca ou turva, como o Solimões ou o Madeira, percorrem terras ricas em
minerais e suspensões orgânicas. Os rios chamados de água preta, como o Negro,
oriundos de terras arenosas pobres em minerais, são transparentes e coloridos
em marrom pelas substâncias húmicas. Existem também rios de águas claras, como
o Tapajós, que nascem nas áreas dos antigos escudos continentais, também pobres
em minerais e nutrientes.
As árvores das matas alagadas têm várias adaptações
morfológicas e fisiológicas para viverem parcialmente submersas, como raízes
respiratórias e sapopembas. As árvores são pobres em plantas epífitas e o
sub-bosque praticamente inexiste. Em seu lugar existe uma rica flora herbácea,
como o capim-mori, a canarana e o arroz selvagem. Na estação das enchentes, o
capim se destaca e forma verdadeiras ilhas flutuantes. Outras plantas
flutuantes, tais como a vitória-régia e o aguapé, também acompanham o nível das
águas.
Os mamíferos das matas alagadas - antas, capivaras e outros
- são todos bons nadadores. Até as preguiças são capazes de nadar. A fauna de
macacos e de outros mamíferos arborícolas em geral é pobre, comparada com a
fauna da terra firme. Nos rios de várzea encontram-se, porém, várias espécies
de mamíferos aquáticos, como os botos, o peixe boi, a ariranha e as lontras. A
fauna de primatas é muito reduzida. O vegetariano peixe boi e os botos
predadores são, entretanto, muito raros nas águas pretas e claras dos igapós,
pobres em vegetação aquática e pouco piscosas.
Na avifauna relativamente pobre das florestas de igapós
predominam as aves aquáticas, tais como as garças, biguás, jaçanãs, mucurungos
e patos.
As águas das florestas alagadas são ricas em répteis
aquáticos. As tartarugas são importantes herbívoros da vegetação aquática e são
muito caçadas. A tartaruga verdadeira (Podocnemis
expansa) está em perigo de extinção; a cabeçuda (P. dumeriliana) e a tracajá (P.unifilis)
são também muito apreciadas pelos caçadores. Os cágados Phrynops são encontrados com mais freqüência nas corredeiras. Entre
os jacarés, o jacaretinga (Palaeosuchus
trigonatus), gênero com uma única espécie endêmica na Amazônia, está
ameaçado de extinção. O jacaré-açu (Melanosuchus
niger) é o jacaré comum na área. Vários autores atribuem aos jacarés
predadores um importante papel de "reguladores" na várzea. A grande
jibóia amazônica merece também ser mencionada.
Na Amazônia vivem em torno de 10 mil espécies de peixes.
Aqui, mencionamos apenas algumas espécies ligadas à floresta de inundação. São
estas os peixes frugívoros que evoluíram em estreita coevolução com as árvores
e arbustos amazônicos: as frutas caem na água, são engolidas pelos peixes e as
sementes resistentes às enzimas gástricas são transportadas para longe. Vários
peixes, especialmente os da grande ordem dos Characinoidea, apresentam
dentições especializadas para certos tipos de frutas. O tambaqui (Collosoma macropomum) é um comedor
especialista das frutas da Hevea
spruceana. Pacus, dos gêneros Mylossoma,
Myleus e Broco, são também comedores importantes de frutas de palmeiras,
embaúbas e outras árvores. A piranheira é uma planta preferida por algumas
espécies de piranhas. A dispersão das plantas pelos peixes da várzea e dos igapós
tem uma importância comparável à da dispersão clássica de sementes pelas aves e
mamíferos nas florestas de terra firme. O tambaqui e os pacus, bem como o
pirarucu (Arapaima gigas), são os
peixes de maior importância comercial na Amazônia. Nada ilustra melhor o papel
ecológico importante da frutivoria dos peixes. O tambaqui é muito procurado por
pescadores turísticos.
A fauna de insetos é principalmente ligada à vegetação
flutuante. As poucas espécies de cupins e de formigas acompanham a subida e a
descida das águas ao longo dos troncos das árvores. Vários tipos de insetos
vivem sobre a vegetação flutuante, enquanto nas águas criam-se enormes
populações de mosquitos e outros dipterros irritantes. Os rios de água preta
são isentos deste flagelo.
Específicas dos igapós de solos arenosos e de água preta são
a piranheira (Piranhea trifoliata), a
oeirana (Alchornea castaniifolia),
várias espécies de Inga e de Eugenia, as palmeiras Copaifera martii (copaíba) e a Leopoldinia.
Algumas árvores têm grande resistência às enchentes prolongadas, tais como a Myrciaria dubia, a Eugenia inundata (araçá de igapó) e, finalmente, a Salix humboldtiana, que sobrevivem a
vários anos de submersão permanente.
A lista das espécies em extinção é encabeçada pelos botos,
peixe boi, ariranha, tartaruga verdadeira, jacaretinga e outros. Entre os
peixes ameaçados destacamos o pirarucu, o maior peixe de água doce do mundo.
Uma estação ecológica está situada por inteiro no ambiente
dos igapós: é a Estação Ecológica Federal do arquipélago de Anavilhanas, no
baixo rio Negro. Nas enchentes, o arquipélago de centenas de ilhas é
praticamente submerso. O laboratório de pesquisa da Estação fica em casas
flutuantes que acompanham também o nível das águas. Uma outra estação,
Mamirauá, está situada na várzea, perto de Tefé. O grande centro de pesquisas
da Amazônia (INPA), em Manaus, e o Museu Goeldi, em Belém, mantêm várias
reservas e áreas de pesquisa nas matas de terra firme. Em Santarém encontra-se
um grande centro de pesquisas piscívoras.
Mata Atlântica
A Mata Atlântica abrangia integralmente ou parcialmente mais
de 3.000 municípios em atuais 17 estados brasileiros: Alagoas, Bahia, Ceará,
Espírito Santo, Goiás, Minas Gerais, Mato Grosso do Sul, Paraíba, Pernambuco,
Piauí, Paraná, Rio de Janeiro, Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul, Santa
Catarina, Sergipe e São Paulo, atualmente, a Mata Atlântica está reduzida a
7,84% de sua área, com cerca de 102.000 km é o segundo ecossistema mais
ameaçado de extinção do mundo, perdendo apenas para as quase extintas florestas
da ilha de Madagascar na costa da África.
Abriga mais de 20 mil espécies de plantas, das quais 8 mil
são endêmicas, ou seja, espécies que não existem em nenhum outro lugar do
Planeta. É a floresta mais rica do mundo em diversidade de árvores. No sul da
Bahia, foram identificadas 454 espécies distintas em um só hectare.
A Floresta Atlântica é o segundo conjunto de matas
especialmente expressivas na América do Sul, perdendo apenas para a Floresta
Amazônica, a maior do planeta. Denominada de Floresta Pluvial Atlântica, está
localizada na Serra do Mar, que faz parte do Domínio Florestal Tropical
Atlântico.
O clima, na região compreendida pelas florestas pluviais
atlânticas, tem duas estações, definidas principalmente pelo regime de chuvas,
embora seja latitudinalmente bastante variável, enquanto no Nordeste brasileiro
as temperaturas médias anuais variam em torno de 24ºC, nas regiões Sudeste e
Sul as médias anuais são mais baixas e a temperatura pode ocasionalmente chegar
a -6ºC.
A Serra do Mar, representada por uma cadeia de montanhas
costeiras, apresenta uma série de interrupções, onde o cinturão das matas
pluviais também se interrompe. A altitude média nesta cadeia de montanhas é de
800 a 900 metros, com picos emergentes com cerca de 1.400 metros e escarpas de
até 2 mil metros. Nos topos das montanhas ocorrem campos de afloramentos
rochosos e, excepcionalmente, acima de 1.700 metros, a floresta dá lugar a
campos de altitude.
A Floresta Atlântica estende-se ao longo das montanhas e das
encostas voltadas para o mar, bem como na planície costeira. Ela deve sua
existência à elevada umidade atmosférica trazida pelos ventos marítimos. O
vento úmido se condensa na costa, sob a forma de chuvas, ao subir para as
camadas frias de maior altitude. Além da alta pluviosidade, nos topos dos
morros há condensação de água em forma de neblina. Isto ocorre até mesmo
durante os meses de primavera e verão, nas horas quentes do dia.
Nem toda a costa oriental do Brasil, porém, apresenta
condições climáticas idênticas e índices pluviométricos compatíveis com a
existência de matas pluviais. Por esta razão, também ocorrem interrupções
naturais das florestas, ao longo da Serra do Mar.
Atualmente, as florestas atlânticas brasileiras encontram-se
quase completamente devastadas, restando apenas cerca de 5% de matas
preservadas de sua extensão original, da época do descobrimento do Brasil. A
parcela mais representativa do que restou encontra-se nas regiões Sul e
Sudeste, onde o relevo de escarpas íngremes dificulta o acesso e a devastação.
A pujante Floresta Atlântica, com vegetação arbórea em torno
de 30 metros e árvores que ultrapassam o dossel, atingindo 40 metros de altura,
apresenta intensa vegetação arbustiva no estrato inferior. É uma floresta de
grande diversidade vegetal, com muitas samambaias, inclusive as arborescentes,
além de orquídeas terrestres e palmeiras, entre as quais se encontra a Euterpes
edulis, com cerca de 10 metros de altura e de cujo tronco se extrai o palmito.
Além dos tapetes de musgos e inúmeros fungos, a Floresta Atlântica é muito rica
em lianas e epífitas, entre as quais as samambaias, orquídeas e bromélias.
Estas últimas, com suas folhas dispostas em roseta, retêm sempre uma certa
quantidade de água, condicionando um habitat propício ao desenvolvimento de uma
fauna particular, como por exemplo, a de larvas e adultos de várias espécies de
artrópodes e de sapos.
De um modo geral, a fauna nesta floresta é predominantemente
ombrófila, isto é, adaptada à sombra e pouco tolerante às variações de umidade,
temperatura e insolação. Como conseqüência direta ou indireta da derrubada das
matas, muitas espécies têm sido atingidas.
Além da fauna terrestre, a Mata Atlântica tem também uma
rica fauna de peixes que habitam os pequenos riachos que permeiam as áreas
florestadas. Muitos destes peixes orientam-se pela visão para localizar
alimento ou parceiros reprodutivos, bem como para seus comportamentos sociais,
e são incapazes de sobreviver em águas turvas ou claras, sujeitas à
luminosidade intensa, quando ocorre a remoção da floresta, a manutenção de
temperaturas amenas nos riachos e no solo só é possível graças à intensa
cobertura vegetal.
A preservação das espécies endêmicas da Floresta Atlântica é
extremamente preocupante, face à situação atual de devastação. Mesmo as espécies
endêmicas que ainda não possuem suas populações reduzidas a um número crítico
merecem atenção especial para sobreviverem. Como exemplo pode-se mencionar que
há um grande número de espécies endêmicas na avifauna, que têm como centro
evolutivo a Serra do Mar e que, com distribuição geográfica extremamente
restrita, encontram-se em situação de vulnerabilidade. Este é o caso do
pintor-verdadeiro (Tangara fastuosa),
nas florestas dos Estados de Pernambuco e Alagoas.
Entre os primatas brasileiros estão relacionadas cerca de 25
espécies ameaçadas de extinção e alguns deles são endêmicos da Floresta
Atlântica. Esta é, por exemplo, a situação de quatro espécies de mico-leões (Leontopithecus spp) e do muriqui (Brachyteles aracnoides), o maior dos
macacos neotropicais.
As áreas mais prejudicadas da Floresta Atlântica são
justamente as mais importantes do ponto de vista conservacionista. São as
remanescentes das matas do sul da Bahia e do Espírito Santo, que abrigam os
últimos exemplares de gêneros e espécies de plantas e animais ameaçados de
extinção. Na região Sudeste, onde se desenvolveram grandes metrópoles como São
Paulo e Rio de Janeiro em áreas outrora de Floresta Atlântica, ainda existem
trechos relativamente grandes onde recentemente foram criadas áreas de proteção
ambiental e transformados, inclusive, na Reserva da Biosfera da Mata Atlântica.
Nelas estão os últimos refúgios de um dos ecossistemas mais ricos do mundo.
Nas costas da Serra do Mar e em várias ilhas perto da costa
de São Paulo (Parque da Serra do Mar e Parque Estadual da Ilha do Cardoso, por
exemplo) a Mata Atlântica se caracteriza por ser sempre verde e densa. As
árvores possuem alturas que variam de 15 a 40m. Nessas regiões se desenvolve
uma grande variedade de epífitas (bromélias), samambaias e palmeiras. A Oeste,
na direção da Bacia do Paraná, as árvores possuem uma altura média entre 25 a
30m. Algumas árvores perdem as folhas no inverno e há presença de samambaias e
bromélias, além de cipós. Ao Sul do Brasil, a Mata Atlântica caracteriza-se principalmente
pela presença da Araucária angustifolia, em grandes porções do Rio Grande do
Sul e Santa Catarina. Além disso, a Mata Atlântica é completada pelas restingas
(se iniciam perto das praias e avançam para o interior) e mangues (situam-se no
encontro dos rios com o mar).
O clima na Mata Atlântica é essencialmente tropical, com
variações de acordo com a latitude. A Mata Atlântica também pode ser chamada de
costeira, pois acompanha o conjunto de serras (Mar, Mantiqueira) localizadas ao
longo do litoral. É muito úmida graças aos ventos carregados de vapor de água
que sopram do mar (devido às correntes marítimas quentes). O ar ao subir,
esfria e se condensa, provocando as elevadas precipitações, sob a forma de
chuva ou nevoeiro. Em conseqüência do predomínio da decomposição química do
material rochoso, os solos são profundos e argilosos. Ao se decompor pela ação
de microrganismos, a mistura de restos de animais e vegetais transforma-se em
húmus, que se incorpora ao solo e forma uma cobertura capaz de alimentar
bilhões de plantas.
Caatinga
A caatinga, palavra originária do tupi-guarani, que
significa “mata branca”, é o único sistema ambiental exclusivamente brasileiro.
Localizada em plena faixa subequatorial, entre a Floresta
Amazônica e a Floresta Atlântica, encontram-se as caatingas do brasileiro
ocupando uma área de 736.833 km², o que equivale quase a 10% do território
brasileiro, a caatinga é um bioma exclusivamente do Brasil, sendo encontrado
nos Estados do Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco, Sergipe,
Alagoas, Bahia, leste do Piauí e norte de Minas Gerais. Inicialmente,
acreditava-se que a caatinga seria um resultado da degradação de outros biomas,
levando à falsa idéia de que o mesmo seria homogêneo e pobre em espécies de
fauna e flora. Hoje em dia, sabe-se que o bioma é bastante heterogêneo e rico
em biodiversidade.
A caatinga é marcada pelo seu clima semi-árido, com chuvas
irregulares e estações do ano pouco bem definidas, com temperaturas médias
anuais compreendidas entre 27ºC e 29ºC e com médias pluviométricas inferiores
aos 800 mm. Neste bioma, o solo é rico em proteínas, porém paupérrimo em
matéria orgânica, devido à intensa luminosidade e calor que carbonizam a
matéria orgânica, dificultando sua decomposição. O escoamento superficial é
intenso, pois os solos são rasos e situados acima de lajedos cristalinos. Por
isso, a vegetação da caatinga é adaptada ao clima seco: as folhas de algumas
plantas são finas ou inexistentes; outras espécies, como o cacto, armazenam
água em seu interior. Entre algumas espécies de plantas da caatinga, podemos
citar o araticum, o jatobá, o murici, a aroeira, a braúna, entre outras.
Os rios são intermitentes, isto é, correm apenas durante o
período de chuvas, tendo seus cursos interrompidos durante a estação seca. A
paisagem típica das caatingas consiste de extensas planícies interplanálticas e
intermontanas, que envolvem e interpenetram maciços residuais mais elevados. A vegetação
é xerofítica, caducifoliar e aberta, bem adaptada para suportar a falta de
água.
Já foram identificadas 17 espécies de anfíbios, 44 de
répteis, 695 de aves e 120 de mamíferos, num total de 876 espécies animais que
fazem da caatinga o seu habitat. Alguns exemplos: asa-branca, cotia, gambá,
preá, veado-catingueiro, tatu-peba, sagui-do-nordeste, etc. Em virtude da
degradação do bioma, algumas espécies, como a ariranha azul ou o
veado-catingueiro, estão enquadrados na lista das espécies ameaçadas de extinção
do IBAMA.
As temperaturas médias anuais são elevadas, oscilam entre
25° C e 29° C. O clima é semiárido; e o solo, raso e pedregoso, é composto por
vários tipos diferentes de rochas.
A ação do homem já alterou 80% da cobertura original da
caatinga, que atualmente tem menos de 1% de sua área protegida em 36 unidades
de conservação, que não permitem a exploração de recursos naturais.
As secas são cíclicas e prolongadas, interferindo de maneira
direta na vida de uma população de, aproximadamente, 25 milhões de habitantes.
Cerrado
Cerrado é o nome regional dado às savanas brasileiras. Cerca
de 85% do grande platô que ocupa o Brasil Central era originalmente dominado
pela paisagem do cerrado, representando cerca de 1,5 a 2 milhões de km2,
ou aproximadamente 20% da superfície do País. O clima típico da região dos
cerrados é quente, semi-úmido e notadamente sazonal, com verão chuvoso e
inverno seco.
A pluviosidade anual fica em torno de 800 a 1600 mm. Os
solos são geralmente muito antigos, quimicamente pobres e profundos.
A paisagem do cerrado é caracterizada por extensas formações
savânicas, interceptadas por matas ciliares ao longo dos rios, nos fundos de
vale. Entretanto, outros tipos de vegetação podem aparecer na região dos
cerrados, tais como os campos úmidos ou as veredas de buritis, onde o lençol
freático é superficial; os campos rupestres podem ocorrer nas maiores altitudes
e as florestas mesófilas situam-se sobre os solos mais férteis. Mesmo as formas
savânicas exclusivas não são homogêneas, havendo uma grande variação no balanço
entre a quantidade de árvores e de herbáceas, formando um gradiente estrutural
que vai do cerrado completamente aberto - o campo limpo, vegetação dominada por
gramíneas, sem a presença dos elementos lenhosos (árvores e arbustos) - ao
cerrado fechado, fisionomicamente florestal - o cerradão, com grande quantidade
de árvores e aspecto florestal. As formas intermediárias são o campo sujo, o
campo cerrado e o cerrado stricto sensu, de acordo com uma densidade crescente
de árvores.
As árvores do cerrado são muito peculiares, com troncos
tortos, cobertos por uma cortiça grossa, cujas folhas são geralmente grandes e
rígidas. Muitas plantas herbáceas têm órgãos subterrâneos para armazenar água e
nutrientes.
Cortiça grossa e estruturas subterrâneas podem ser interpretadas
como algumas das muitas adaptações desta vegetação às queimadas periódicas a
que é submetida, protegendo as plantas da destruição e capacitando-as para
rebrotar após o fogo.
Acredita-se que, como em muitas savanas do mundo, os
ecossistemas de cerrado vêm co-existindo com o fogo desde tempos remotos,
inicialmente como incêndios naturais causados por relâmpagos ou atividade
vulcânica e, posteriormente, causados pelo homem. Tirando proveito da rebrota
do estrato herbáceo que se segue após uma queimada em cerrado, os habitantes
primitivos destas regiões aprenderam a se servir do fogo como uma ferramenta
para aumentar a oferta de forragem aos seus animais (herbívoros) domesticados,
o que ocorre até hoje.
A grande variabilidade de habitats nos diversos tipos de
cerrado suporta uma enorme diversidade de espécies de plantas e animais.
Estudos recentes, como o apresentado por J.A.Ratter e outros autores em
"Avanços no Estudo da Biodiversidade da Flora Lenhosa do Bioma
Cerrado", em 1995, estimam o número de plantas vasculares em torno de 5
mil; e que mais de 1.600 espécies de mamíferos, aves e répteis já foram
identificados nos ecossistemas de cerrado (Fauna do Cerrado, Costa et al.,
1981).
Entre a diversidade de invertebrados, os mais notáveis são
os térmitas (cupins) e as formigas cortadeiras (saúvas). São eles os principais
herbívoros do cerrado, tendo uma grande importância no consumo e na
decomposição da matéria orgânica, assim como constituem uma importante fonte
alimentar para muitas outras espécies animais.
A conservação dos recursos naturais dos cerrados é
representada por diversas categorias de unidades de conservação, de acordo com
objetivos específicos: oito parques nacionais, diversos parques estaduais e
estações ecológicas, compreendendo cerca de 6,5% da área total de cerrado
(Cerrado: caracterização, ocupação e perspectivas, Dias, 1990). Entretanto,
esta extensão é ainda insuficiente e mais unidades de conservação precisam ser
criadas para proteger a biodiversidade que ainda preserva.
Pantanal
O Pantanal, tem uma extensão de 250 mil km2, é a
maior área alagável do mundo. O Pantanal é uma imensa bacia intercontinental,
delimitada pelo Planalto Brasileiro, ao leste, pelas Chapadas Matogrossenses,
ao norte, e também por uma cadeia de morros e terras altas do sopé Andino, a
oeste.
Através do rio Paraguai, o Pantanal está intimamente ligado
à grande bacia do rio Paraná - rio da Prata. Conexões aquáticas difusas com
afluentes amazônicos existem ao norte, especialmente com o rio Guaporé.
A drenagem deste delta interno pelo médio Paraguai, por meio
da barra estreita e rasa do Fecho dos Morros do Sul, faz-se com muita
dificuldade. Porém, enormes quantidades de água estagnada atrás desta barragem
tornam o Pantanal um labirinto imprevisível de águas paradas e correntes,
temporárias ou permanentes, designadas através de grande quantidade de termos
específicos pelo homem pantaneiro. Nas lendas indígenas e nos primeiros mapas,
o Pantanal é lembrado como um grande lago cheio de ilhas, o "mar dos Xaraiés".
Em anos chuvosos, como em 1984 ou em 1995, o rio Paraguai
expande-se em uma faixa de até 20 km de largura, invadindo os grandes lagos da
fronteira boliviana e a Ilha do Caracará, regenerando temporariamente o
"mar dos Xaraiés" dos antigos climas chuvosos. O rio Paraguai e os
outros rios pantaneiros apresentam pouca declividade, da ordem de 20-30 cm por
quilômetro, o que faz com que as águas que se acumulam nos períodos de chuvas
intensas escoem com muita lentidão. Em consequência, as enchentes, que são máximas
ao norte nos meses de março e abril, chegam ao sul do Pantanal somente em julho
e agosto. Enquanto isso, imensas quantidades de água, provavelmente centenas de
quilômetros cúbicos por ano, perdem-se por evaporação direta para a atmosfera.
O Pantanal pode ser, com justiça, considerado a maior "janela" de
evaporação de água doce do mundo.
Toda a vida e a economia do Pantanal estão ligadas a este
sistema de inundações. A região é um interessante paradoxo aquático em uma área
de clima continental semi-árido ou mesmo árido. Sem o abundante e raso lençol
freático e os aluviões deixados pelas enchentes, a vegetação terrestre seria
parecida com a do cerrado ou com a do Chaco boliviano. Igualmente, a rica fauna
de aves e mamíferos depende, na sua grande maioria, da alimentação aquática. O
Pantanal pode ser visto, então, como uma grande e dinâmica interface entre o
mundo aquático e o terrestre.
A vegetação aquática é fundamental para a vida pantaneira.
As plantas flutuantes são os principais produtores primários nas águas do
Pantanal. Imensas áreas são cobertas por "batume", que são plantas
flutuantes, tais como o aguapé (Eichhornia) e a Salvinia, entre outras. Levadas
pelos rios, estas plantas constituem verdadeiras ilhas flutuantes, os
camalotes.
Após as inundações, a camada de lodo nutritivo permite o
desenvolvimento de uma rica vegetação de ervas. A palmeira carandá (Copernicia
australis) ocorre em extensas formações nas áreas em que as inundações dominam,
mas que ficam secas durante o inverno, permeando com os cupinzeiros, onde se
inicia o paratudal. Os paratudais, formados pelos ipês roxos (Tabebuia,
localmente chamado piúva), são típicos.
Numa região um pouco mais elevada, já com áreas não
inundáveis, há uma vegetação característica de cerrado. Há ainda no Pantanal
áreas com mata densa e sombria (com Piptadenia,
Bombax, Magonia, Guazuma). Em
torno das margens mais elevadas dos rios aparece a palmeira acuri (Attalea principes), formando uma floresta de galerias juntamente com outras
árvores, como o pau-de-novato (Triplaris
formicosa), a embaúba (Cecropia), o
genipapo (Genipa) e as figueiras (Ficus). Em pontos altos dos morros
aparece uma vegetação semelhante à da caatinga, com a bromeliácea Dyckia e os cactos cansanção e mandacaru
(Cereus).
O passado geológico permitiu ao Pantanal constituir-se no
maior entroncamento dos intercâmbios da flora e da fauna aquática da América do
Sul. Atualmente é povoado por uma variedade de organismos amazônicos e
sulistas. Sendo principalmente um corredor de intercâmbios, não abriga fauna
endêmica rica, como a Amazônia, e são as quantidades e não as raridades que o
caracterizam.
O Pantanal oferece ao visitante uma variedade de paisagens
abertas povoadas por grandes populações de animais, cuja alimentação depende da
fase aquática. Assim, nas lagoas, a microflora e a microfauna permitem o
desenvolvimento de ricas populações de caramujos aruas (Pomacea, Marisa e outros)
e de conchas (Anodontides, Castalia e outras), que sustentam uma
variedade de predadores destes moluscos, como aves e répteis.
Os inúmeros cardumes de pitu (Macrobrachium) e as várias espécies do caranguejo (Trichodactylus, Dilocarcinus e outros) possuem importância econômica indireta:
servem de iscas para os pescadores. Entre os peixes abundantes, há o corumbatá,
o pacú, o cascudo, o pintado, o dourado, o jaú e as piranhas. Entre os
comedores da vegetação aquática destacam-se as grandes populações de capivaras
(Hydrochaeris, hydrochaeris) e de búfalos. O cágado (Platemys) é também vegetariano. A ariranha (Pteronura brasiliensis), importante predador piscívoro, outrora
abundante, foi quase exterminada pelos caçadores. Destino semelhante pode ter o
jacaré (Caiman crocodilus yacare),
dizimado pela caça ilegal dos últimos anos.
Os jacarés têm papel importante nas águas pantaneiras, onde
funcionam como predadores "reguladores" da fauna piscícola e, às
vezes, como agentes relevantes da ciclagem de nutrientes. Onde há muitos
jacarés são encontradas poucas piranhas. Quando os jacarés são dizimados pela
caça indiscriminada dos "coureiros", a população de piranhas
agressivas aumenta em detrimento de outras espécies de peixes, podendo chegar a
ser perigosa até para os seres humanos.
Outro importante predador aquático e semi-terrestre é a
sucuri (Eunectes notaeus), cobra
injustamente perseguida pelos pantaneiros. As cobras são escassas no Pantanal,
principalmente nas áreas inundáveis. Mas há cobras d'água (Liophis, Helicops),
jararacas (Bothrops neuwiedii) e
boipevaçu (Hydrodynaste gigas).
As aves do Pantanal são um de seus maiores atrativos.
Reunidas em enormes concentrações, exploram os recursos alimentares aquáticos.
O tuiuiú (Jabiru mycteria), a cabeça-seca (Mycteria
americana) e o colhereiro (Ajaia
ajaja), além das garças biguás e patos são os mais vistosos. Muitas espécies
nidificam em áreas comuns, sobre determinadas árvores, conhecidas como ninhais,
que se destacam na paisagem pantaneira. Um espetáculo admirável é acompanhar as
aves, ao anoitecer ou ao amanhecer, aos dormitórios à beira dos rios, onde
passam as noites.
Aves típicas do Pantanal são também o aracuã-do-pantanal (Ortalis canicollis), a arara-azul (Anodorhyncus hyacinthinus), que corre o
risco de extinção, o periquito de cabeça preta (Nandayus nenday). O pequeno cardeal (Paroaria capitata) é ave característica deste ecossistema. A enorme
abundância de aves de rapina, especialmente o caracará (Polyborus), refletem a riqueza da presa animal. O gavião
caramujeiro (Rosthramus sociabilis)
alimenta-se de moluscos.
Animais típicos do cerrado também se concentram em grande
número no Pantanal, atraídos pela fartura de alimentos das áreas alagadas. São
estas espécies que aparecem esparsas em outras áreas do continente.
O cervo-do-pantanal (Blastocerus
dichotomus), comum nas ricas pastagens úmidas, pode ser visto acompanhado
por mais duas espécies de cervos do cerrado e por outros mamíferos, como o
cachorro-vinagre (Speothus vinaticus),
a anta (Tapirus terrestris), o
caitetu (Tayassu tajacu) e a paca (Agouti paca).
Encontram-se lá, ainda, o lobo-guará (Chrysocyon brachyurus) e o tamanduá-bandeira (Myrmecophaga tridactyla), caçados intensamente.
Entre os primatas, o macaco-prego (Cebus apella) vive ali, ao lado do bugio (Alouatta caraya). Porcos monteiros, descendentes de suínos
domesticados, também proliferam em meio à vegetação pantaneira densa. Assim
como a onça (Panthera onca), vários
outros felinos são atraídos pela abundância de presas. O predador de topo na
beira das águas é a onça-pintada, junto a outros felídeos e canídeos. Entre as
aves, a ema (Rhea americana) e a seriema
(Cariama cristata) são típicos
habitantes do cerrado. Naturalmente, a rica fauna oferece muitas oportunidades
para as aves de rapina e para os comedores de carcaças.
As paisagens abertas do Pantanal facilitam o recenseamento
aéreo das populações de grandes vertebrados. Estima-se, por exemplo, que
existam hoje 10 milhões de jacarés, 600 mil capivaras, mas somente 35 mil
cervos-do-pantanal.
Pampa ou Campos Sulinos
Os Campos da região Sul do Brasil são denominados como
“pampa”, termo de origem indígena para “região plana”. Esta denominação, no
entanto, corresponde somente a um dos tipos de campo, mais encontrado ao sul do
Estado do Rio Grande do Sul, atingindo o Uruguai e a Argentina.
Outros tipos conhecidos como campos do alto da serra são
encontrados em áreas de transição com o domínio de araucárias. Em outras áreas
encontram-se, ainda, campos de fisionomia semelhantes à savana. Os campos, em
geral, parecem ser formações edáficas (do próprio solo) e não climáticas. A
pressão do pastoreio e a prática do fogo não permitem o estabelecimento da
vegetação arbustiva, como se verifica em vários trechos da área de distribuição
dos Campos do Sul.
A região geomorfológica do planalto de Campanha, a maior
extensão de campos do Rio Grande do Sul, é a porção mais avançada para oeste e
para o sul do domínio morfoestrutural das bacias e coberturas sedimentares. Nas
áreas de contato com o arenito botucatu, ocorrem os solos podzólicos
vermelho-escuros, principalmente a sudoeste de Quaraí e a sul e sudeste de
Alegrete, onde se constata o fenômeno da desertificação. O solo, em geral, de
baixa fertilidade natural e bastante suscetível à erosão.
À primeira vista, a vegetação campestre mostra uma aparente
uniformidade, apresentando nos topos mais planos um tapete herbáceo baixo – de
60 cm a 1 m -, ralo e pobre em espécies, que se torna mais denso e rico nas
encostas, predominando gramíneas, compostas e leguminosas; os gêneros mais
comuns são: Stipa, Piptochaetium, Aristida, Melica, Briza. Sete gêneros de cactos e
bromeliáceas apresentam espécies endêmicas da região. A mata aluvial apresenta
inúmeras espécies arbóreas de interesse comercial.
Na Área de Proteção Ambiental do Rio Ibirapuitã, inserida
neste bioma, ocorrem formações campestres e florestais de clima temperado, distintas
de outras formações existentes no Brasil. Além disso, abriga 11 espécies de
mamíferos raros ou ameaçados de extinção, ratos d’água, cevídeos e lobos, e 22
espécies de aves nesta mesma situação. Pelo menos uma espécie de peixe, cará (Gymnogeophagus sp., Família Cichlidae) é endêmica da bacia do rio
Ibirapuitã.
O Pampa Gaúcho está situado no sul do Brasil, no Estado do
Rio Grande do Sul, na divisa com o Uruguai. O Pampa é uma região de clima
temperado, com temperaturas médias de 18°C, formada por coxilhas onde se situam
os campos de produção pecuária e as várzeas que se caracterizam por áreas
baixas e úmidas. A região sul tem, na pecuária, uma tradição que se iniciou com
a colonização do Brasil.
Os campos no RS ocupam uma área de aproximadamente 40% da área
total do estado. O Pampa gaúcho da Campanha Meridional encontra-se dentro da
área de maior proporção de campos naturais preservados do Brasil, sendo um dos
ecossistemas mais importantes do mundo.
Manguezal
Restinga é um termo empregado para designar as planícies
litorâneas cobertas por deposição marinha, resultante do recuo dos níveis de
oceanos há cerca de 5 mil anos, durante o Quaternário. Depois do recuo, houve
deposições fluvial e lacustre, contendo, em parte, material proveniente das escarpas
do Complexo Cristalino, características no litoral Sul e Sudeste brasileiro, ou
do arenito da Formação Barreiras. Essas planícies situam-se sob clima tropical
úmido, sem estação seca, com precipitações médias anuais ao redor de 1700-2000
mm. A maior quantidade de nutrientes na planície costeira provém de
precipitações atmosféricas, estando principalmente fixada na biomassa vegetal.
Na linha de praia das planícies litorâneas se estabelece uma
vegetação adaptada às condições salinas e arenosas sob influências de marés,
denominada halófila-psamófila, com espécies herbáceas reptantes, com sistemas
radiculares amplos. Após esta faixa, sobre cordões mais estáveis, encontra-se
uma vegetação arbustiva e arbórea densa, denominada jundu, com muitas bromélias
terrícolas. É característica a sua forma de cunha, devido à ação abrasiva de
partículas de areia sobre as gemas voltadas para a praia. Apresenta uma camada
orgânica pouco desenvolvida, com as bromélias de solo desempenhando um papel
estabilizador do substrato e de retenção de água e de nutrientes no sistema. No
litoral do Rio de Janeiro e do Espírito Santo desenvolvem-se moitas compostas
por espécies arbustivas e arbóreas, intercaladas por solo descoberto, cuja
denominação é dada pela presença de taxas dominantes, como Restinga de Clusia,
de Myrtaceae e de Ericaceae.
Nos terraços marinhos é comum a ocorrência de áreas
temporariamente inundadas, que suportam florestas de várzea. Entre os cordões
há depressão que pode ser permanentemente úmida, sustentando florestas
paludosas, com poucas espécies arbóreas adaptadas e muitas bromélias sobre o
solo encharcado. Nas bacias de solo orgânico tanto se desenvolve a floresta
paludosa quanto os campos monoespecíficos de taboa ou de lírio do brejo. Este
conjunto de formações sobre a planície litorânea estabelece um mosaico de
granulação variável, ampliando sua diversidade biológica. A fauna de mamíferos
e de aves que ocorre nas florestas sobre a restinga é similar à da Mata
Atlântica, indicando interações associadas às alternativas temporais e
espaciais de recursos alimentícios, de abrigo e de nidificação. Estas florestas
pluviais associadas ao domínio atlântico têm poucos remanescentes preservados
em Unidades de Conservação, principalmente pela ocupação urbana das planícies litorâneas.
Manguezal este é composto por um pequeno número de espécies
de árvores e desenvolve-se principalmente nos estuários e na foz dos rios, onde
há água salobra e local semi-abrigado da ação das ondas, mas aberto para
receber a água do mar.
Trata-se de ambiente com bom abastecimento de nutrientes,
onde, sob os solos lodosos, há uma textura de raízes e material vegetal
parcialmente decomposto, chamado turfa. Nos estuários, os fundos lodosos são
atravessados por canais de marés (gamboas), utilizados pela fauna para os seus
deslocamentos entre o mar, os rios e o manguezal
Embora seja grande a importância econômica e social do
manguezal, este enfoque foi em parte responsável pela construção de portos,
balneários e rodovias costeiras em suas áreas, diminuindo a extensão dos
mangues.
Ao contrário de outras florestas, os manguezais não são
ricos em espécies, porém destacam-se pela grande abundância das populações que
neles vivem. Por isso podem ser considerado um dos mais produtivos ambientes
naturais do Brasil.
Somente três árvores constituem as florestas de mangue: o
mangue vermelho ou bravo, o mangue branco e o mangue seriba ou seriuba. Vivem
na zona das marés, apresentando uma série de adaptações: raízes respiratórias
(que abastecem com oxigênio as outras raízes enterradas e diminuem o impacto
das ondas da maré), capacidade de ultrafiltragem da água salobra e
desenvolvimento das plântulas na planta materna, para serem posteriormente
dispersas pela água do mar.
A flora do manguezal pode ser acrescida de poucas espécies,
como a samambaia do mangue, a gramínea Spartina,
a bromélia Tillandsia usneoides, o
líquen Usnea barbata (as duas últimas
conhecidas como barba de velho e muito semelhantes entre si) e o hibisco.
No Norte do País, as espessas florestas de mangue apresentam
árvores que podem atingir 20 metros de altura. Na região Nordeste há um tipo de
manguezal conhecido como "mangue seco", com árvores de pequeno porte
em um substrato de alta salinidade. Já no Sudoeste brasileiro, apresenta aspecto
de bosque de arbustos.
O chão escuro do mangue é coberto por água na preamar. Ricas
comunidades de algas crescem sobre as raízes aéreas das árvores, na faixa
coberta pela maré, e, entre elas, encontram-se algas vermelhas, verdes e azuis.
Os troncos permanentemente expostos e as copas das árvores são pobres em
plantas epífitas. Bactérias e fungos decompõem as folhas do manguezal e a
cadeia alimentar é baseada no uso dos detritos resultantes desta decomposição.
Quanto à fauna, destacam-se várias espécies de caranguejos,
formando enormes populações nos fundos lodosos. As ostras, mexilhões, berbigões
e cracas se alimentam filtrando da água os pequenos fragmentos de detritos
vegetais, ricos em bactérias. Há também espécies de moluscos que perfuram a
madeira dos troncos de árvores, construindo ali os seus tubos calcários e se
alimentando de microorganismos que decompõem a lignina dos troncos, auxiliando
a renovação natural do ecossistema através da queda de árvores velhas, muito
perfuradas.
Os camarões também entram nos mangues durante a maré alta
para se alimentar. Muitas das espécies de peixes do litoral brasileiro dependem
das fontes alimentares do manguezal, pelo menos na fase jovem. Entre eles estão
bagres, robalos, manjubas e tainhas. A riqueza de peixes atrai predadores, como
algumas espécies de tubarões, cações e até golfinhos. O jacaré de papo amarelo
e o sapo Bufo marinus podem,
ocasionalmente, ser encontrados.
Aves típicas são poucas, devido à pequena diversidade
florística; entretanto, algumas espécies usam as árvores do mangue como pontos
de observação, de repouso e de nidificação. Estas aves se alimentam de peixes,
crustáceos e moluscos, especialmente na maré baixa, quando os fundos lodosos
estão expostos. Entre os mamíferos, o coati é especialista em alimentar-se de
caranguejos. A lontra, hábil pescadora, é freqüente, assim como o guaxinim.
Os manguezais, usados pelos homens dos sambaquis há mais de
7 mil anos e, a partir de então, pelas populações que os sucederam, fornecem
uma rica alimentação protéica para a população litorânea brasileira. A pesca
artesanal de peixes, camarões, caranguejos e moluscos é para os moradores do
litoral a principal fonte de subsistência.
Mata de Araucária
As Matas de Araucárias são encontradas na Região Sul do Brasil e nos
pontos de relevo mais elevado da Região Sudeste. Existem pelo menos dezenove
espécies desse tipo de vegetação, das quais treze são endêmicas (existe em um
lugar específico). São encontradas na Ilha Norfolk, sudeste da Austrália, Nova
Guiné, Argentina, Chile e Brasil.
Essa cobertura vegetal se desenvolve em regiões nas quais predomina o
clima subtropical, que apresenta invernos rigorosos e verões quentes, com
índices pluviométricos relativamente elevados e bem distribuídos durante o ano.
A araucária é um vegetal da família das coníferas que pode ser cultivado com
fins ornamentais, em miniaturas.
O Pinheiro-do-Paraná ou Araucária (Araucaria
angustifolia) era encontrado com abundância no passado, atualmente
no Brasil restaram restritas áreas preservadas.
As árvores que compõem essa particular cobertura vegetal possuem
altitudes que podem variar entre 25 e 50 metros e troncos com 2 metros de
espessura. As sementes dessas árvores, conhecidas como pinhão, podem ser
ingeridas, os galhos envolvem todo o tronco central. Os fatores determinantes
para o desenvolvimento dessa planta é o clima e o relevo, uma vez que ocorre
principalmente em áreas de relevo mais elevado.
Outra particularidade das araucárias é a restrita ocorrência de flores,
provenientes das baixas temperaturas; além de não desenvolver outros tipos de
plantas nas proximidades dos pinheiros. Diante disso, a composição paisagística
dessa vegetação fica caracterizada principalmente pelo espaçamento entre as
árvores, pois não existem vegetais de pequeno porte que poderiam fazer surgir
uma vegetação densa; essas são compostas por florestas ralas.
Infelizmente, no Brasil, a proliferação das Araucárias está bastante
comprometida e corre sério risco de entrar em extinção, fato decorrente das
atividades produtivas desenvolvidas há várias décadas na região, especialmente
na extração de madeira e ocupação agropecuária, reduzindo a 3% a forma
original.
Mata dos Cocais
A mata dos cocais é uma formação vegetal típica da área de
transição entre a região norte e nordeste brasileira e que ocupa uma faixa que
se estende pelos Estados do Maranhão e Piauí, mas também podem ser encontradas
formações típicas da mata de cocais em outros estados como Tocantins, Ceará e
Bahia.
Localizada bem no meio de dois importantes biomas
brasileiros, a mata de cocais, faz a transição entre a caatinga, típica do
nordeste, a floresta amazônica, típica da região norte, e o cerrado, mais ao
sul.
A árvore símbolo da mata de cocais é o babaçu, mas também
são encontrados, em menor quantidade, o buriti, a carnaúba (da qual é extraída
uma cera), e a oiticica. No extrato mais baixo da mata de cocais, podemos
encontrar uma grande variedade de arbustos e plantas de menor porte.
O babaçu, também chamado de baguaçu ou coco-de-macaco, é uma
planta da família das palmeiras. Pode atingir até 20 metros de altura com
folhas de até 8 metros. Uma única arvora é capaz de produzir até 2.000 frutos
por ano cada um contendo de 3 a 4 sementes oleaginosas que, devido à alta
concentração de matérias graxas (óleos usados na indústria alimentícia e
cosmética), são a principal fonte de renda das famílias locais.
Só no Estado do Maranhão estima-se que mais de 300 mil
famílias vivam do extrativismo do babaçu que, na maioria dos lugares, ainda têm
suas amêndoas extraídas de forma rudimentar: mulheres e crianças se encarregam
de colher os cachos carregados de frutos e depois quebrar os frutos
extremamente duros. A “quebradeira”, como é chamada a pessoa encarregada de
quebrar os frutos para extrair as amêndoas (geralmente crianças), apoia o fruto
sob o fio de um machado e depois de golpeá-lo várias vezes com um pedaço de
pau, finalmente extra o precioso fruto.
Até mesmo as folhas do babaçu são aproveitadas para a
confecção de artesanato, como cestos, abanos, esteiras, peneiras, e até mesmo
portas e janelas. Do coco se extrai etanol, metanol, coque, carvão e gases
combustíveis. A casca pode ser usada para repelir insetos quando queimada.
Enfim, a mata de cocais fornece condições de subsistência para diversas
famílias do meio-norte e Tocantins.
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